Bloatware: O que é, os perigos e como removê-los do seu PC ou celular?

Acabou de comprar um notebook ou um smartphone e logo nos primeiros usos o desempenho já não é dos melhores ou o que se esperava de uma máquina novinha, decepciona?

A causa pode ser um problema generalizado que afeta o segmento – o bloatware!

Se você não sabe o que são bloatwares, quais os problemas que podem estar associados a eles e como se livrar deles, esses são os objetivos da nossa conversa de hoje.

O que é bloatware?

Bloatware é um termo que resulta da junção de bloat e software, sendo que bloat traduzido para o português, é inchar.

Assim, no meio define-se todo software que apenas “incha” o sistema operacional no qual é instalado, ao consumir recursos como processamento, memória e espaço de armazenamento, mas que na maioria das vezes, não tem utilidade para a maior parte dos usuários.

Quando você faz o que se conhece por uma instalação limpa de um sistema operacional, seja ele o Windows, o Android, o Linux, o MacOS, ou qualquer outro que conseguir se lembrar, nada desse tipo de software está presente.

Os responsáveis por trás do sistema, costumam disponibilizar apenas softwares e ferramentas consideradas essenciais e que atendem a padrões mínimos de segurança, mesmo que na prática isso possa não ocorrer, mas por outras razões diferentes daquelas associadas ao bloatware.

No entanto, vários fabricantes de computadores e celulares e no caso dos smartphones, também as operadoras de telefonia, têm vendido os dispositivos com o sistema operacional pré-instalado, bastando ao usuário ao ligar pela primeira vez o aparelho, concluir a instalação, personalizando-o com dados pessoais, de localização geográfica, moeda, idioma, rede Wi-Fi e preferências diversas.

O problema é que essa versão do sistema que acompanha o aparelho, é customizada pela maioria dos fabricantes e operadoras de telefonia e nesse processo de conclusão da instalação, esses apps ou programas são instalados também, sem que o usuário possa se opor à instalação.

Há quem chame os bloatwares por outros nomes, como crapware, junkware ou PUP, sendo que crap é porcaria, junk é lixo e PUP é a sigla para Potentially Unwanted Programs ou programas potencialmente indesejados. Nomes diferentes para designar a mesma coisa.

Quais os problemas dos bloatwares?

O primeiro e mais aparente problema dos bloatwares, é o consumo de recursos do sistema operacional e que dependendo do hardware que você tem, pode significar recursos preciosos sendo consumidos.

Todo programa ou software, seja ele legítimo ou não, utilizável ou não, desejado ou não, quando executado, consome um percentual do processamento disponível da CPU, uma quantidade de memória RAM e espaço em disco, e que neste caso é usado para armazenar seus documentos, imagens, vídeos, músicas, etc.

Em se tratando de um celular, especialmente os modelos de entrada ou mesmo alguns intermediários, não têm grandes quantidades de armazenamento disponível, considerando o que ocupa o sistema operacional e os apps realmente essenciais para o usuário.

Mesmo assim, isso não seria um grande problema, se essa utilização dos recursos ocorresse apenas quando você executasse os respectivos bloatwares. Mas na prática, não é o que acontece.

Com o objetivo de induzir os usuários ao uso e para que nos eventuais testes de utilização, a aplicação esteja disponível mais rapidamente, muitos são carregados na inicialização do sistema e ficam residentes em segundo plano e, portanto, já consumindo memória e processamento.

O resultado é que quanto mais bloatware você tem, menos processamento e memória sobram para os apps e programas que você realmente quer, precisa e instalou por sua vontade.

Daí vem a lentidão, a qual também pode se manifestar, quando o bloatware é uma alternativa a um aplicativo consagrado, mas que não foi desenvolvida com os mesmos cuidados

E se já não fosse motivo suficiente para compreender porque são chamados de bloatware, crapware, junkware ou PUP, há casos em que eles podem produzir outros “efeitos colaterais” e vai ficar claro o porquê, ao respondermos a próxima pergunta que muita gente faz.

Por que os fabricantes instalam bloatware?

Indo direto ao ponto, os fabricantes instalam bloatware no seu smartphone ou no seu notebook, por dinheiro!

O primeiro objetivo é o Marketing da própria marca do fabricante ou da operadora de telefonia. Mas é apenas a ponta do iceberg.

Boa parte do bloatware é desenvolvido por outras empresas e que são supostamente alternativas de navegadores, gerenciadores de arquivos, galeria de fotos, players de música e vídeo, agendas, notícias, clima, jogos, ferramentas de desempenho, entre uma extensa gama de possibilidades.

Essas empresas pagam para o fabricante e/ou operadora de telefonia, para incluir todo esse lixo.

Na verdade, pode haver uma cadeia de vários interessados em lucrar em cima do usuário, quando se compra por exemplo, um smartphone de uma operadora.

No caso há bloatware do fabricante, da operadora, de quem pagou aos dois e que produziu o app, de quem oferece a publicidade exibida no app e da publicidade do crapware do fabricante e da operadora.

Muitos interessados em ganhar em cima de você!

Cada tipo de bloatware caracteriza uma fonte de receita para quem está fornecendo o equipamento e que está relacionado com seu tipo e conforme algumas de suas características:

1. Trialware

Esse é um dos tipos mais comuns, o trialware.

Trial é a palavra para tentar no sentido de experimentar. Logo, é um software de teste, de experimentação por parte do usuário, inicialmente gratuito por um período limitado de uso, após o qual sua utilização é condicionada à obtenção da versão paga.

Alternativamente, alguns trials não têm todos os recursos habilitados, sendo que os mais úteis só estão disponíveis mediante a aquisição da licença. Entenda-se com isso, após você pagar.

Acontece que mesmo que você não adquira a licença, ele continua ocupando espaço e nos casos em que ele é executado em segundo plano ou carregado na inicialização do sistema, continua consumindo recursos.

2. Utilitários diversos

Entram nessa categoria de bloatware, os aplicativos que realmente parecem ser alternativas boas e confiáveis a ferramentas que normalmente o sistema operacional já oferece nativamente, como por exemplo, uma calculadora, uma agenda ou uma aplicação de diagnóstico de desempenho.

Mas nem sempre tudo o que parece bom, de fato é.

Chega até a ser irônico uma ferramenta que se propõe a melhorar o desempenho do sistema, mas que consome mais recursos do que ela é capaz de liberar e que sob a justificativa de monitorar o uso de recursos, está sempre em execução em segundo plano.

É frequente haver publicidade de terceiros sendo exibida nesse tipo de utilitário.

Outro grande problema desse tipo de junkware, é que algumas vezes ao incluir a versão do fabricante, a que é nativa do sistema é removida, com o intuito de forçar o seu uso.

3. Adware

Adware é outro termo que deriva de duas palavras: Advertising e Software. Ou seja, software para exibição de propaganda.

Em seu formato mais comum, janelas tomam por completo ou parcialmente a tela – os conhecidos popups – sendo que só é possível fechá-las após alguns segundos. Há casos piores, que ao clicar para fechar, uma outra é exibida em seu lugar.

Frequentemente o adware é instalado diretamente no sistema operacional, como se fosse parte integrante dele e por essa razão, costuma não ser simples a sua remoção. Outra consequência disso, é que a publicidade exibida independe do navegador usado e mesmo que se faça a limpeza dos cookies, ela persistirá.

Ou seja, infringe as questões relacionadas com sua privacidade, que a LGPD, no Brasil, e a GDPR, na comunidade europeia, tentam resguardar.

4. Barras de ferramentas

São predominantemente caracterizadas por menus ou addons (complementos) ou ainda extensões de navegadores e que supostamente conferem facilidades e atalhos para navegação.

Para além do fato de também serem consumidores de recursos, podem ser uma forma de adware, exibindo publicidade, podem alterar configurações padrão sem sua autorização, colhem informações da sua navegação e nos casos mais extremos, até abrem sites que você não tinha intenção de acessar.

Até mesmo os resultados de uma simples pesquisa no Google, podem ser alterados.

Bem, nesse ponto você já sabe que seu sistema não tem o desempenho que poderia, que o fornecedor do aparelho está ganhando com seu uso além do valor monetário pago, que sua privacidade não existe, você vê conteúdos indesejáveis e que as coisas não funcionam como deveriam, muitas vezes sem que você tenha ciência.

Nem vamos entrar nos aspectos éticos por trás disso tudo, pois parece que os atores responsáveis por esse cenário não sabem o que isso significa.

A verdade é que por mais terrível que seja o cenário até aqui, ainda não é tudo!

Outros perigos do bloatware

O primeiro ponto que deve ser destacado, é que tanto adwares como o comportamento de certas barras de ferramentas, as quais sequestram o navegador (hijack, em inglês), impedindo-o de um comportamento normal, são considerados como classes de malwares.

Não pense que é um problema restrito aos menores e menos conhecidos fornecedores de equipamentos. Marcas como Lenovo e Samsung já tiveram problemas sérios e que os forçaram a rever suas políticas a respeito. Gigantes como a multinacional Toshiba, apesar da qualidade dos seus equipamentos, está entre os maiores disseminadores de bloatware.

Lembre-se da principal motivação por trás desse comportamento – dinheiro!

É por essa motivação, que alguns dos “fabricantes” de software que fornecem esse bloatware, não têm preocupações com boas práticas de programação e segurança, contrário ao que fazem as maiores e mais conhecidas empresas do setor.

É frequente que um percentual importante desse lixo na forma de software, abra vulnerabilidades e eles próprios contenham falhas de segurança graves, introduzindo brechas no seu sistema para uma variedade imensa de malwares.

Também em nome do ganho monetário, algumas disfarçam ameaças mais graves como trojans (cavalos de tróia) e spywares (software espião), em apps e programas aparentemente inofensivos.

Como me livrar de bloatware?

Agora que você sabe claramente as principais consequências de ter bloatware instalado no seu notebook ou smartphone, a pergunta que naturalmente lhe vêm a mente, é: “como me livrar do bloatware?”.

Remoção de bloatware do Windows

A boa notícia para os usuários do Windows, é que se não todos, mas a grande maioria é removível da mesma forma que você desinstala qualquer programa legítimo. Já a ruim, é que esse método não resolve os casos mais graves e preocupantes, como são os famosos casos da barra do Ask e do Baidu.

Casos assim, recomenda-se realizar uma pesquisa no Google, porque há particularidades para cada caso e que variam de acordo com a versão do programa e do próprio Windows.

Remoção de bloatware do Android

Já para os usuários do Android, há diferentes caminhos. O principal e mais abrangente, é fazendo root no aparelho.

Não vamos abordar esse método, porque ao fazer root no seu smartphone Android, você tem outras consequências que podem ser até piores do que ter um bloatware, como não receber mais atualizações do sistema operacional, perda da garantia, afetar o funcionamento de softwares legítimos, danificar o sistema operacional e até estar mais vulnerável à ação de malwares.

Os apenas chatos e geralmente menos maliciosos bloatwares, algumas vezes não podem ser desinstalados, mas é possível desativá-los. Isso resolve o problema de estarem em segundo plano consumindo valiosos recursos do sistema.

Para tanto, siga os passos a seguir:

  • Acesse as “Configurações”;

  • Selecione “Apps e notificações”, valendo destacar que essa opção pode variar de acordo com o dispositivo;

  • Localize o bloatware;

  • Ao selecioná-lo, aparece uma tela com as opções “Desativar” e “Forçar parada”. Selecione Desativar;

  • Confirme a desativação na mensagem que será exibida na sequência.

Mas nem todo bloatware pode ser desativado, sendo que os piores nem aparecerão nas opções do método acima. E mesmo para os que puderem ser desativados, ainda ocuparão armazenamento do aparelho.

Nestes casos, é preciso recorrer ao terceiro método.

Não é exatamente a melhor solução, porque primeiro depende de outro app e segundo, porque nos casos mais críticos requer a versão paga.

Estamos falando dos aplicativos de remoção do Avast e do AVG e que são respectivamente o Avast Cleanup e o AVG Cleaner. Ambos resolvem boa parte dos problemas e têm uma interface similar, simples e intuitiva.

As versões pagas para PC de ambos, também oferecem a opção de remoção de software do tipo e limpeza de outros tipos de conteúdo indesejado.

Há outros apps do gênero, mas citamos apenas estes, porque estão ligados a duas empresas reconhecidas como boas soluções antimalware, o que dá uma credibilidade a mais em relação às demais soluções.

Remoção de bloatware no MacOS, iOS e Linux

Os usuários de aparelhos que usam esses sistemas operacionais, geralmente não são afetados por esse tipo de problema.

No caso da Apple, a empresa e seu modelo de disponibilização do sistema operacional, baseiam-se em uma política bem mais restritiva e que acaba por inibir essa prática.

O mesmo, mas por outras razões, ocorre com equipamentos que usam distribuições Linux. O nível de customização associada ao Linux, bem como os usuários que optam pelo sistema operacional do pinguim, também não favorece a esse tipo de prática.

Conclusão

A remoção de bloatware no Windows ou no Android, é essencial para eliminar várias ameaças importantes à privacidade e, sobretudo, à segurança dos usuários.

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