A lição do “bife a cavalo” em Administração

O bife a cavalo é um dos pratos mais populares dos restaurantes. Difícil mesmo encontrar alguém que nunca tenha saboreado um.

Calma! Você não se enganou e este não é um blog de receitas ou de gastronomia. Tampouco leu errado e sim, o nosso assunto hoje é Administração, por mais que não pareça.

Quer saber qual a relação entre esta iguaria da culinária e a administração de empresas?

O bife a cavalo

Há algumas explicações sobre a origem do prato, como fazê-lo e em que lugares pode-se apreciar um. É sem dúvidas um sucesso, que reúne elementos que todo brasileiro gosta: o bife, os ovos fritos e as batatas também fritas.

Mas não é como preparar um delicioso bife a cavalo ou os melhores lugares para se apreciar um, o objeto de nossa conversa.

A ideia ou o conceito, está relacionada ao nome. Mas também não é descobrir porque ele recebe esta denominação, mas entender os elementos que o compõem.

Há nele 3 personagens que participam de diferentes formas: o boi, representado pelo bife; a galinha, pelos ovos; o cavalo, que aparece no nome do prato.

Para que esse “produto” final possa existir, o boi deu sua vida. A galinha por sua vez, também contribuiu de forma importante, não morrendo como o boi, mas dando parte de si. Já o cavalo, não fez nada para que o prato pudesse existir e apenas “emprestou” o nome.

É nesse ponto, em que avaliamos como cada participante contribui para o resultado final, que encontramos um paralelo com a Administração

O bife a cavalo e a Administração

Gestores de empresas de todos os segmentos e portes, são entre outras coisas, movidos por resultados. Isso não costuma constituir problema algum.

O problema reside no caminho que é percorrido até a obtenção do resultado e é onde a nossa iguaria culinária entra em cena.

Mesmo não sendo nosso propósito lecionar administração, é importante lembrarmos o princípio através do qual, resultados são o que se tem ao fim de um processo e os processos são conduzidos por pessoas ou no mínimo, formulados por elas.

Sendo assim, não é errado concluir que resultados são obtidos em maior ou menor grau, por pessoas.

Visto desta forma, o nosso bife a cavalo – que é o resultado – contou com a participação de pessoas, sendo que algumas delas participaram como o boi, outras como a galinha e ainda houve aqueles que foram apenas o cavalo.

Se ainda não está claro, no ambiente organizacional, algumas pessoas realmente sacrificam-se e pode-se dizer que dão tudo de si mesmas em prol dos resultados.

Outras também o fazem, mas sem sacrifício e apenas contribuem.

E por fim, há um terceiro grupo, que apenas leva a fama, mas sem nenhuma participação efetiva ou contribuição que mudaria o resultado final.

Estes “cavalos” que existem em todas as organizações, recebem a fama, mas poderiam ser quaisquer outros bichos – exceto o boi e a galinha – e ainda assim o resultado ainda seria o mesmo, apenas sob outro nome.

Que lições aprender com o bife a cavalo?

Deixando a metáfora do bife a cavalo de lado e partindo para situações mais concretas as quais toda empresa está sujeita, mas que é mais comum nas grandes, onde a quantidade de pessoas acaba por inibir uma visão mais aguçada das individualidades, podemos dividir o capital humano que as compõem em 3 grandes grupos: os que se sacrificam pela empresa, os que contribuem com uma parcela importante no resultado e aqueles cuja presença, é dispensável.

Mas enganam-se aqueles que limitam-se a enxergar que o terceiro grupo constitui apenas peso morto. O trabalho do gestor verdadeiramente engajado com os resultados, consiste justamente de identificar os porquês de cada um dos três grupos, bem como outras respostas e situações que levaram aos resultados:

  • Por que há o terceiro grupo? Quais as causas da sua participação nos resultados da empresa ser tão indiferente? Não há motivação? Não há treinamento? O organograma tem problemas? Enfim, realizar uma série de investigações sobre as causas da existência deste grupo de pessoas e da sua baixa ou mesmo nula representatividade nos resultados, pode fazer com tenhamos uma mudança destes para o segundo ou mesmo o primeiro grupo;

  • Não precisamos que todos sejam do primeiro grupo e por mais que seja louvável para a empresa pessoas que sacrificam-se ou doam-se ao máximo pela instituição, a contribuição do segundo grupo também é fundamental para o resultado, do contrário teríamos apenas um simples bife;

  • O que é válido, é a partir da correta avaliação dos porquês, ou seja, dos motivos que levam cada grupo a desempenhar como o fazem, instituir meios para que todos possam atuar em todos os papéis em diferentes momentos, afinal ninguém consegue doar-se 100% o tempo todo, bem como participações não tão intensas, não tenham importância;

  • Outro ponto importante, é saber reconhecer o mérito que cada um tem na obtenção dos resultados. Políticas de cargos e salários, capacitação e treinamento, planos de Marketing de Incentivo, entre outras ações, são fundamentais para termos profissionais engajados, em quaisquer níveis e de forma duradoura;

  • O boi, a galinha e o cavalo, podem estar presentes em todas as áreas e em todos os níveis. Não é raro um gestor cavalo, ou seja, os resultados que ele apresenta, são meros frutos dos seus colaboradores e sua presença é inócua no desempenho do departamento que ele comanda;

  • Gestores que cumprem o papel do cavalo, podem ser extremamente comprometedores quanto à obtenção dos resultados e mais do que isso, provocam desmotivação em seus colaboradores, especialmente os que têm visão mais crítica, que acabam sentindo-se injustiçados com o reconhecimento dado a quem não o merece;

  • Há também desmotivação quando há muitos cavalos, particularmente se a situação é recorrente, acarretando com isso, que menos e menos as galinhas e, sobretudo, os bois continuem a doar-se pelo sucesso de terceiros;

  • O gestor deve ser municiado não apenas de relatórios gerenciais que apresentam resultados, mas também de ser capaz de avaliar processos e como as pessoas atuam em cada processo empresarial, fazendo os ajustes necessários;

  • Além dos números e dados decorrentes de relatórios e avaliações, o gestor deve também estar apto a identificar perfis dos seus colaboradores, pois podem haver colaboradores que são cavalos por natureza e outros por condição meramente momentânea. Nesse caso, é mais fácil reverter a situação;

  • Ser capaz de caracterizar cada um dos três grupos de pessoas dentro de uma empresa, é parte do processo de constituição da visão holística dos decisores e da compreensão de como pessoas, processos e resultados relacionam-se mutuamente, culminando na máxima de que os meios justificam os fins e não o contrário.

Conclusão

O popular prato “bife a cavalo” é usado como metáfora para caracterizar três grandes grupos de colaboradores no ambiente organizacional, relativo a obtenção dos resultados. Ao criar este paralelo, é possível diagnosticar e buscar os motivos pelos quais cada colaborador atua profissionalmente e assim, adotar as medidas necessárias a correção das discrepâncias, visando uma atuação mais participativa e resultados mais equilibrados e duradouros.

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