Você sabe o que é Blockchain, como funciona e suas vantagens?
Quem acompanha de perto o mundo da tecnologia, provavelmente já ouviu falar em blockchain, mas certamente não é um tema que todo mundo conhece a fundo, isso porque embora seja algo que deverá ganhar terreno em termos de aplicações em várias áreas, nasceu ligado a um segmento específico e envolve conceitos um tanto complexos e que fogem dos modelos tradicionais.
Se você está aqui, é porque talvez a resposta a pegunta a seguir, seja não. Afinal, você sabe o que é Blockchain, como funciona e suas vantagens?
Tentaremos não enveredar tanto quanto possível por uma abordagem técnica do assunto, do contrário muitos podem sair daqui da mesma forma que chegaram, ou seja, sem compreender porque esta tecnologia é tão importante onde já é usada e porque é tão promissora.
O que é Blockchain?
A primeira informação que você precisa ter a respeito, já foi dada, ou seja, blockchain é uma tecnologia.
Ok, mas e do que consiste ou o que ela faz? Sendo simplista e respondendo da maneira mais direta possível, é uma tecnologia que garante um alto nível de segurança dos dados / informações a ela associados.
Mas não se trata apenas de mais uma tecnologia, entre algumas que se conhece e que são populares.
O primeiro aspecto que diferencia esta tecnologia em relação às demais, é sua estrutura ou topologia, que é caracterizada por uma distribuição de vários pontos equivalentes formando uma rede, a chamada rede blockchain, em contraposição aos sistemas centralizados.
Melhor explicando, quando imaginamos a maior parte das estruturas que conhecemos (governo, empresas, sistema bancário, etc), sempre há elementos centrais que controlam e unem os elementos participantes, da mesma forma que uma flor que tem todas suas pétalas ligadas entre si ao centro em uma estrutura presa ao caule.
Neste modelo centralizado, o governo exerce muitas formas de controle dos cidadãos e está ao centro de tudo.
A matriz das empresas, controla e administra as filiais e também é o elemento central.
Os bancos controlam as contas e movimentações dos correntistas e por sua vez, respondem a um banco que ostenta o termo “central”, até mesmo em seu nome e, assim por diante.
Todos estes exemplos são de modelos centralizados.
Agora imagine uma estrutura em que todos estes pontos estão interligados entre si, não por um ponto central, mas difusos no espaço, semelhante a uma rede de pesca e que em cada ponto em que os filamentos são amarrados, forma-se um nó.
Nesta rede, de pontos equivalentes, todos têm o papel de controle e verificação, assim como o governo, a matriz e o banco fazem nas estruturas centralizadas e comunicam-se entre si de tal maneira que todos os pontos têm as mesmas informações compartilhadas.
Assim, o modelo associado ao blockchain é representado por vários agentes que verificam e atestam em igualdade de condições todas as ações ou informações que circulam no sistema ou na rede.
Ao invés de um único agente central, quanto mais elementos participantes, mais elementos existem para controlar, auditar e zelar pela integridade de tudo que ocorre na rede.
O outro aspecto de diferenciação do blockchain, consiste do conceito que dá o nome a tecnologia, que é a cadeia ou corrente de blocos, que é a tradução da palavra blockchain.
Basicamente a cadeia de blocos é uma sequência linear de blocos, os quais têm informações individuais associadas ao conteúdo do bloco, uma identificação única e informações dos blocos que o precedem.
Imaginemos uma cadeia com apenas quatro blocos, para facilitar nossa explicação.
O primeiro bloco quando criado e incluído na cadeia, recebeu dados diversos e um hash (identificação única). O segundo ao ser inserido sequencialmente após o primeiro, da mesma forma que o primeiro, tem suas próprias informações, seu próprio hash e o hash do primeiro bloco. O terceiro por sua vez, linearmente após o segundo, contém seus dados, seu próprio hash e o hash do primeiro e do segundo.
Como você deve imaginar, o quarto segue igual princípio aos três anteriores, contendo agora quatro hashs.
Outro ponto que merece menção, é que toda informação contida em cada bloco, é criptografada e assim, somente os integrantes da rede, que são possuidores da criptografia utilizada, são capazes de realizar a descriptografia e assim saber o conteúdo de cada bloco.
Pessoas ou elementos externos à rede, mesmo que consigam acesso aos dados do bloco, são incapazes de saber seu conteúdo, devido à criptografia que somente os integrantes da rede possuem acesso.
De onde vem o blockchain? Para que ele é usado?
O conceito surgiu associado ao Bitcoin e também é usado em outras criptomoedas e, embora não seja o objetivo deste artigo o aprofundamento no processo de mineração de criptomoedas, é necessário realizarmos uma breve abordagem, já que parte do processo de criação do bitcoin, está vinculado ao blockchain e ajuda explicar como se desenvolve uma cadeia de blocos.
De modo bastante superficial, chama-se mineração o processo de validação de um bloco novo. Lembra-se do hash? Em termos de bitcoin, quando uma transação usando a moeda virtual ocorre, uma chave válida e única precisa ser criada e isso é feito por meio de equações matemáticas complexas, as quais são resolvidas por computadores que ficam continuamente tentando obter os resultados de tais equações, que é a mineração.
O primeiro computador que gera o resultado correto, produzindo a chave (hash) única para cada transação realizada e cujas informações serão armazenadas em um bloco, recebe um pequeno valor determinado de bitcoin.
Além disso, a solução é comunicada a todos os demais computadores que integram o sistema, que verificam se a solução é válida. É assim que um novo bloco é criado e incluso na cadeia.
Quando isso ocorre, todos os computadores que integram a rede passam a ter a informação desta transação.
Mais que isso, quando o novo bloco integra a cadeia, como ele passa a conter dados das transações de todos os blocos anteriores, conforme a cadeia cresce, os primeiros blocos têm cada vez mais blocos atestando sua integridade.
Portanto, no nosso exemplo hipotético, o primeiro bloco foi validado pelo segundo, terceiro e quarto blocos. O segundo, foi apenas pelo terceiro e quarto blocos e o terceiro apenas pelo quarto. Logo, quanto mais antigo o bloco, mais validações ele sofreu e mais seguro ele é.
Quais as vantagens do blockchain?
Se ainda não ficou evidente, o maior mérito deste tecnologia é a segurança.
Ao contrário de sistemas centralizados, nos quais se algum invasor obtém acesso ao agente central, ele consegue fraudar ou corromper as informações a seu favor, no modelo de blockchain, por exemplo, se ele tenta criar um bloco adulterado, nenhum dos demais nós da rede vai “aprovar” a inclusão deste bloco, pois ele não foi devidamente auditado segundo as regras para sua inclusão.
Mais que isso, como os hashs de cada bloco são dependentes dos demais da cadeia, a alteração de um hash de um bloco fraudado, interfere nos hashs de outros blocos da cadeia e isso aparecerá para todos os nós ou elementos que mantém registros completos de todas as transações.
Estes nós são chamados de Full Nodes.
A única possibilidade de comprometer o sistema, é obter controle ou invadir mais de 50% de todos os computadores que integram a rede, uma vez que a auditoria e confirmação da validade de um bloco, é dada por maioria absoluta, ou seja, 50% dos integrantes, mais um, precisam validar cada transação para ela passar a fazer parte da cadeia.
No entanto, são literalmente milhares de computadores geograficamente distribuídos ao redor do mundo de diferentes pessoas / organizações, o que torna improvável que isso ocorra.
Além do mais, a cada dia novos computadores são incluídos e assim torna-se mais e mais segura a rede, por haver mais pontos de controle e validação.
Na contramão disso, também deve estar aparente que da mesma forma que a grande quantidade de agentes da rede distribuídos e com atuação de controle e validação equivalente, é um fundamento de sua segurança, automaticamente impede a sua aplicação em sistemas menores, visto que torna o custo proibitivo.
Conclusão
O blockchain é uma tecnologia que nasceu vinculada ao mecanismo de criação e controle da criptomoeda bitcoin, cujo papel é ser um método para auditar e atestar a segurança das transações que envolvem a moeda virtual. Sua estrutura usa um novo paradigma de para exercer tal controle, de uma forma muito superior em termos de segurança e ao mesmo tempo mais transparente para os agentes de controle e validação que a integram.