A vez dos “ignorantes” em um mundo dominado pelo conhecimento

Apenas ler o título deste artigo, certamente não vai lhe dizer muito a respeito do que ele trata, mas não é porque você perdeu a capacidade de entender as coisas ou seja o “ignorante” que é alvo deste bate papo.

A questão por trás disso tem a ver com os rumos que o mundo está tomando.

Entenda porque ser um ignorante pode ser o seu caminho para o sucesso nos dias de hoje, ficando com a gente até o final!

O que é um ignorante?

Quando você faz uma busca pelo adjetivo ignorante, você vai encontrar em linhas gerais que o ignorante é a pessoa que não conhece ou não considera, propositalmente ou não, fatos e informações importantes a respeito das coisas.

E é por isso mesmo que utilizamos esse verbete em nosso artigo. É justamente esse o sentido que queremos dar a questão e não um sentido figurado, como alguns poderiam imaginar ou a conotação ofensiva que as vezes o acompanha..

Embora frequentemente seja associado a um sentido pejorativo e até mesmo utilizado como ofensa, o adjetivo pode representar uma condição desejada por alguns, especialmente no mercado de trabalho.

Você deve estar imaginando que estamos loucos, afinal quem deseja assumir a condição de ignorante profissional? Você já vai entender!

O que é o mundo do conhecimento?

De acordo com o filósofo, arquiteto, visionário, escritor e multidisciplinar Buckminster Fuller, até o começo do século XX o conhecimento humano dobrava a cada 100 anos. Por ocasião do final da segunda guerra, o tempo necessário para isso era de cerca de 25 anos, ou seja, cada vez mais rápido o homem produz quantidades incríveis de conhecimento.

Não há números precisos, mas quem estuda o fenômeno desde que Fuller o observou pela primeira vez, estima que atualmente são necessários meses para que tudo que se sabe a respeito de tudo, dobre.

A tendência é que em um futuro não muito distante, isso ocorra em horas!

Por isso, a primeira dedução óbvia, é que não adianta sair correndo para comprar todos os livros que você conseguir e devorá-los tão rapidamente quanto for possível.

Tornou-se literalmente impossível para qualquer ser humano conhecer uma parcela infinitesimal de todo o conhecimento disponível.

Simplesmente acumular indiscriminadamente conhecimento nos dias de hoje, pode ser até certa medida interessante em alguns círculos e no convívio social, para demonstrar cultura geral e garantir algum status, ou quem sabe participar do mega quizz Jeopardy, desde que o Watson não esteja participando também.

Cultura geral e saber um pouquinho a respeito de tudo e muito pouco a respeito de algo em especial, não te coloca bem em uma entrevista de emprego. Pode até render algum ponto a seu favor, mas não te dá a vaga.

Esta é uma corrida cujo o final já se conhece: Quanto mais você sabe, mais longe você está de saber tudo!

Mas cuidado!

Ao contrário do que alguns podem supor, a solução não é tornar-se um completo ignorante, ou seja, deliberadamente desconhecer tudo sobre tudo, já que você não é capaz de saber tudo sobre tudo.

Por que então ser ignorante é importante?

Aqui é importante ter discernimento e ser inteligente, por paradoxal que possa parecer.

O sentido de ser um ignorante profissional, é o de não querer abraçar o mundo e de assumir a condição possível do passado, mas irreal atualmente, em que profissionais capazes de dominar várias áreas do conhecimento, eram sinônimo de bons profissionais.

Ser um mestre em muitas áreas, já não é possível para mais a ninguém. Quem acredita nisso, é no mínimo pretensioso e quem sabe, um ignorante em seu pior sentido.

A ideia é desaprender, voltar ao zero para então, reaprender. É vencer os paradigmas e se você não sabe, um paradigma é um modelo mental de como as coisas devem acontecer.

Paradigmas estabelecem e norteiam o comportamento das pessoas perante as situações e tem sido assim, ao longo de toda a existência humana.

São bons para economizar tempo, já que a cada vez que uma situação se repete, não se tem que buscar uma nova solução. Aplica-se o paradigma associado à situação e o problema está resolvido.

Mas por outro lado, paradigmas impedem as pessoas de inovar, na medida que sempre se adota as velhas soluções para os problemas conhecidos.

Por toda a nossa vida, acreditamos no paradigma de quê saber tudo, era importante, embora não deixe de ser verdade, mas tornou-se impossível. E assim chegou o momento de estabelecer um novo paradigma: de que ser ignorante em certa medida, tornou-se importante.

O saber do passado, é o conhecer quase nada sobre tudo, dos dias de hoje. Por esta razão os generalistas, ou essas pessoas que sabem muitas coisas incompletas de tudo, não são capazes de saber tudo a respeito de uma só coisa.

Estamos falando dos especialistas. E é esse novo tipo de conhecedor que o mundo e especialmente as empresas estão buscando. A pessoa que é ignorante em muitos assuntos, mas que dedicou todo seu tempo e capacidade de aprendizado para se tornar o mais profundo conhecedor ou o melhor conhecedor de algo.

O generalista nunca será capaz de dar 100% do seu conhecimento em algo, porque ele só sabe um pouco a respeito de tudo. Em nenhuma atividade que requerer conhecimento profissional completo, ele atingirá o máximo de eficiência possível, já que ele não é especialista em nada.

Em contraposição, o especialista sempre que é exigido na sua área de interesse, poderá entregar 100% do resultado esperado, porque nenhum outro sabe mais daquele assunto do que ele.

Ele abdicou propositalmente de outros conhecimentos, para buscar saber tudo ou o máximo possível, sobre apenas alguma coisa.

E colocado na prática esse conceito, uma equipe de Fórmula 1, nunca terá o melhor carro se todos os seus membros forem generalistas. Porque nenhum deles sabe tudo sobre pneus. Porque nenhum deles sabe tudo sobre motores. Porque nenhum deles sabe tudo sobre aerodinâmica. Porque nenhum sabe tudo sobre estratégia de corrida.

No entanto, deve ser claro a quem considera o situação da equipe de F1, que por exemplo, o especialista em aerodinâmica também deva conhecer ao menos os conceitos básicos de vários outros temas ligados ao carro de Fórmula 1, para que o resultado do seu trabalho se adeque às outras partes do carro.

Ser especialista, não significa abrir mão de todo o resto.

Em resumo, as empresas caminham para um futuro em que elas terão em seus quadros vários especialistas em diversos assuntos, cada qual em sua área e que somadas sinergicamente, poderão compor o máximo se espera como resultado.

E como última ressalva, alertamos para a correta compreensão de que conhecimento sempre tem valor e não ocupa espaço, mas que decidir sobre o que tem maior utilidade e aplicação prática, hoje é mais do que uma questão de opção. Tornou-se necessidade, diante do cenário atual.

Conheça de tudo que lhe dê prazer, mas saiba muito mais – tudo se possível – a respeito daquilo que importa, afinal chegou o dia em que ser ignorante, não é tão ruim assim.

Conclusão

Ignorar informações de forma deliberada, como única opção para direcionar seus esforços de aprendizado na direção em que lhe dá os melhores resultados, é o caminho obrigatório para formar profissionais especialistas, que são a demanda do mercado em face a um mundo em que o volume de informação assumiu proporções incomensuráveis.

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