Dezembro Vermelho e Laranja – Campanhas de prevenção e combate à AIDS e ao Câncer de Pele
Duas cores marcam o mês de Dezembro. Duas cores e seus significados lembram-nos os cuidados com a saúde, nossa e das pessoas que nos circundam e que em maior ou menor grau fazem parte de nossas vidas e da sociedade em que vivemos.
O Dezembro Vermelho e o Dezembro Laranja representam campanhas de saúde criadas e mantidas por setores da sociedade e com algum fomento público, objetivando a prevenção, o tratamento e a cura de duas doenças crônicas que afetam parcela importante da população.
Quer conhecer um pouco mais a respeito? Quer saber como se prevenir?
O que é o Dezembro Vermelho?
É o mês em que se intensificam as ações que visam sensibilizar a população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce para o tratamento de pacientes portadores do HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), a AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST).
A escolha de Dezembro tem relação com o dia 1º de Dezembro que é o Dia Mundial de Combate à AIDS.
Assim, de acordo com o Calendário Anual de Cores, a mobilização nacional denominada Dezembro Vermelho, tem por objetivo informar e conscientizar a população, principalmente sobre a AIDS, mas também de outras infecções sexualmente transmissíveis.
Simbolizado por uma fita vermelha, durante a campanha que salienta a importância e como se prevenir, também ressalta a necessidade de dar início ao tratamento o quanto antes, de modo a aumentar a sobrevida do paciente. Isso só é possível, por meio do diagnóstico precoce.
Informações sobre AIDS e HIV
Uma das armas mais eficientes no combate e prevenção dessa ou qualquer outra doença, é a informação.
Assim, dispor de informações completas, claras e corretas sobre a prevenção, ajudam a conter o seu avanço. Para os infectados, a informação ajuda no controle e evolução da doença.
O que é o HIV?
HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana (Human Immunodeficiency Viruses). É o vírus causador da AIDS e que é caracterizada por atacar o sistema imunológico, o qual é responsável por defender o organismo de doenças.
O HIV é um retrovírus, caracterizado por algumas propriedades, como período de incubação prolongado antes do surgimento dos sintomas da doença, infecção das células do sangue e do sistema nervoso e supressão do sistema imunológico.
As células mais atingidas são os linfócitos T CD4+. E é alterando o DNA dessa célula que o HIV faz cópias de si mesmo, multiplicando-se no organismo e ampliando a infecção e seus efeitos.
O que é a AIDS?
É uma sigla que designa uma doença infectocontagiosa causada pelo vírus HIV (Human Immunodeficiency Virus), que leva à perda progressiva da imunidade – a Síndrome da Imuno Deficiência Adquirida (SIDA / AIDS).
Essa síndrome é caracterizada por um conjunto de sintomas que aparecem pela queda da taxa dos linfócitos T CD4+, os quais têm papel fundamental na defesa imunológica do organismo
Ao produzir o enfraquecimento do sistema imunológico do corpo, o organismo fica mais vulnerável ao aparecimento de doenças oportunistas que vão de um simples resfriado a infecções mais graves como tuberculose ou câncer.
Quando sistema imunológico do organismo não tem mais forças para combater esses agentes externos, o portador do vírus começar a ficar doente mais frequentemente e então se diz que tem AIDS e é quando boa parte dos casos são diagnosticados e é dado início ao tratamento com os medicamentos antirretrovirais, que combatem a reprodução do vírus – o chamado coquetel.
Todo portador de HIV tem AIDS?
Não. A infecção pelo HIV evolui para AIDS quando a pessoa não é tratada e sua imunidade vai diminuindo ao longo do tempo.
É aí que entra a importância do diagnóstico precoce.
Ter o HIV não é a mesma coisa que ter a AIDS. O desenvolvimento da doença se dá pelo desconhecimento do contágio e que ao longo do tempo acarreta no comprometimento do sistema imunológico.
Em indivíduos não diagnosticados e, portanto, não tratados, o tempo médio entre o contágio e o aparecimento da doença pode ser de dois a dez anos. Há muitos soropositivos que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença. Nesse período o portador é transmissor.
Algumas pessoas infectadas pelo HIV, podem nunca vir a desenvolver a síndrome, seja porque iniciaram tratamento imediatamente após um diagnóstico precoce, seja porque o sistema imunológico consegue controlar a infecção.
Esses últimos, chamados de pacientes “controladores de elite”, são os que possuem sorologia positiva para HIV e que mesmo sem a realização de tratamento de combate ao vírus por uso de antirretrovirais, mantém uma carga viral abaixo dos limites detectáveis pelos exames e níveis estáveis de linfócitos CD4
Como o HIV é transmitido?
O HIV é transmitido principalmente por relações sexuais (vaginais, anais ou orais) desprotegidas, ou seja, sem o uso do preservativo, a popular camisinha.
Também é comum ocorrer a transmissão devido ao compartilhamento de seringas e agulhas, o que é frequente entre usuários de drogas injetáveis e desde que um dos usuários que compartilhou a seringa, seja portador do vírus.
Embora possível o contágio por transfusão de sangue, é muito rara essa via, devido a testagem dos bancos de sangue que é bastante eficiente e rigorosa.
A chamada transmissão vertical, que é a transmissão do vírus da mãe para o filho na gestação, amamentação e principalmente no momento do parto, constitui outra forma de contágio. No entanto, é possível fazer a prevenção por meio de tratamento adequado da gestante e do recém-nascido.
Como diagnosticar o HIV?
O diagnóstico é feito pela realização de um exame de sangue específico, chamado teste Elisa (do inglês Enzyme-Linked Immunosorbent Assay) ou ensaio de imunoabsorção enzimática, cujo diagnóstico da doença é feito por meio da busca de anticorpos contra o HIV no sangue do paciente.
Em média, ele é capaz de detectar a infecção 20 dias após o contato de risco. Decorridos três meses ou mais e se ainda assim o resultado for negativo, dispensa-se a necessidade de repetição do exame e conclui-se que não houve infecção pelo HIV.
Quando a testagem dá positivo, ou seja, é detectado algum anticorpo anti-HIV no sangue, outro teste adicional é feito – o chamado teste confirmatório.
Há essa necessidade em função de resultados falso-positivos que podem ocorrer como consequência de algumas doenças, como artrite reumatoide, doença autoimune e alguns tipos de câncer.
A confirmação por meio do teste confirmatório, é realizada com a mesma amostra e o resultado definitivo é fornecido ao paciente. Sendo também positivo, o paciente será informado e chamado para mais um teste com uma amostra diferente, para que não exista dúvida da sua sorologia e da sua condição.
Onde realizar os testes?
No Brasil, há exames laboratoriais e testes rápidos, que detectam os anticorpos contra o HIV em até 30 minutos.
As unidades da rede pública e nos Centros de Testagem e Aconselhamento – CTA, realizam o teste gratuito. Desde janeiro de 2019, o Ministério da Saúde passou a distribuir autotestes de HIV gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS)
No Centro de Referência em Treinamento em DST/AIDS também é possível realizar um teste laboratorial, cujo resultado sai algumas horas depois da coleta de sangue.
Prevenir é importante!
Embora o diagnóstico precoce e utilização das medicações adequadamente tem grande chance de sobrevida, semelhante à das pessoas não infectadas, a prevenção ainda é o mais indicado. Não há cura para a AIDS!
O paciente diagnosticado precisa de um tratamento permanente.
Sendo assim, para evitar a transmissão do HIV, recomenda-se:
-
Uso de preservativo (camisinha) durante as relações sexuais;
-
Utilização de seringas e agulhas descartáveis;
-
O uso de luvas para manipular feridas e fluídos corporais;
-
Testar previamente sangue e hemoderivados para transfusão;
-
Mães infectadas pelo vírus (HIV-positivas) devem usar antirretrovirais durante a gestação para prevenir a transmissão vertical e evitar amamentar seus filhos. Um acompanhamento médico durante toda a gravidez, no parto e nos primeiros dias de vida do recém nascido, também são fundamentais;
-
Não compartilhamento de objetos perfuro-cortantes. Diante da necessidade de uso desses objetos não descartáveis, como lâmina de depilação, navalhas e alicates de unha, é recomendável que se faça uma esterilização, por imersão em água fervendo, com álcool ou água sanitária;
-
Objetos cortantes e perfurantes usados em consultórios de dentista, em estúdios de tatuagem e clínicas de acupuntura também correm o risco de estarem contaminados, sendo necessária sua esterilização;
O que é o Dezembro Laranja?
Assim como outros meses coloridos, o Dezembro Laranja é o mês em que se dá maior ênfase a Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer da Pele.
A escolha de Dezembro para a campanha, deve-se ao início do verão e das férias, época em que as pessoas geralmente ficam mais expostas ao sol. A cor remete ao tom da pele bronzeada.
Realizada desde 2014 e inicialmente por iniciativa da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), assim como outras campanhas de saúde, visa levar informação à sociedade, objetivando a prevenção, o diagnóstico e tratamento precoces.
A importância dessa campanha está intimamente relacionada com a sua incidência no Brasil. O câncer da pele responde por 33% de todos os diagnósticos desta doença no país, sendo que estima-se aproximadamente 185 mil novos casos anualmente, segundo dados da SBD fornecidos pelo INCA (Instituto Nacional do Câncer).
O que é o câncer de pele?
A pele é tida como o maior órgão do corpo humano, cuja função é de proteção ao corpo contra desidratação, exposição a agentes infectantes como vírus e bactérias, bem como fatores ambientais (frio, calor, etc).
Tal como outras manifestações cancerígenas, o câncer de pele caracteriza-se quando há crescimento anormal e desordenado de células que compõem o tecido.
Há diferentes fatores que podem acarretar o seu surgimento, mas na maior parte dos casos, devido a reiteradas e longas exposições ao sol, quando os raios solares UVA (Ultravioleta A) e UVB (Ultravioleta B) danificam a barreira protetora do órgão .
As células da pele organizam-se e desenvolvem-se formando camadas e o câncer pode afetar essas diferentes camadas, o que acaba por caracterizar os diferentes tipos de câncer de pele.
Tipos de câncer de pele
Conhecer os tipos de câncer de pele e quais suas características é importante para a detecção precoce da doença, que pode alcançar altos índices de cura quando tratada nos estágios iniciais.
O câncer de pele se divide em não melanoma e melanoma. O não melanoma tem alta chance de cura, desde que seja detectado e tratado precocemente e divide-se em carcinoma basocelular (CBC) e carcinoma espinocelular (CEC).
Há outros tipos além dos que descreveremos a seguir, mas juntos não representam nem 1% da totalidade de casos.
Carcinoma basocelular (CBC)
O carcinoma basocelular (CBC) é o mais comum dentre todos os tipos, constituindo 70% dos casos, mas que também é o tipo menos agressivo, apresenta baixa letalidade e boas perspectivas de cura quando diagnosticado precocemente.
O carcinoma basocelular apresenta crescimento muito lento, que dificilmente invade outros tecidos e causa metástase.
Essa lesão maligna de crescimento lento tem origem na camada basal da epiderme – e daí o porquê do nome basocelular – constituída por células especializadas em constante multiplicação, ou nos apêndices cutâneos como pelos, glândulas sebáceas ou sudoríparas, por exemplo.
A doença afeta mais os homens do que as mulheres e costuma ser rara em crianças e negros.
Esse tipo manifesta-se mais frequentemente em áreas do corpo comumente mais expostas ao sol, como rosto, orelhas, pescoço, couro cabeludo, ombros, costas e braços.
São considerados também fatores de risco as radiações ionizantes e a exposição a agentes químicos, como o arsênico e o alcatrão, afecções anteriores da pele, queda da imunidade e histórico familiar de câncer de pele.
Carcinoma espinocelular (CEC)
O carcinoma espinocelular (CEC) aparece como segundo tipo mais comum.
Tem origem na camada mais superficial da epiderme e, em geral, atinge áreas do corpo expostas ao sol, como rosto, orelhas, pescoço, lábios e dorso das mãos. Também pode se desenvolver em cicatrizes antigas ou feridas crônicas da pele em qualquer parte do corpo.
A pele nas partes do corpo afetadas, em geral apresenta sinais de dano solar, como enrugamento, mudanças na pigmentação e perda de elasticidade.
Esse tipo afeta duas vezes mais homens do que mulheres.
Os cânceres espinocelulares geralmente podem ser removidos completamente ou tratados de outras formas, embora sejam mais propensos a crescerem nas camadas mais profundas da pele e a se disseminar para outros órgãos comparados com os cânceres basocelulares
Melanoma
O melanoma tem origem nos melanócitos, células produtoras de melanina, que dá cor à pele. O melanoma é menos frequente do que o câncer de pele basocelular e espinocelular, mas é mais propenso a crescer e se disseminar se não for tratado.
Embora o melanoma cutâneo tenha incidência mais baixa do que os carcinomas, ele apresenta maior gravidade.
O melanoma cutâneo normalmente acomete os mais jovens, entre 30 a 40 anos, surgindo por meio de uma pinta ou um sinal em tons acastanhados, que com o tempo altera de cor e tamanho, podendo até sangrar.
Em um estágio mais grave, o tumor pode gerar metástase nos órgãos e gânglios.
Quando diagnosticado precocemente, as chances de cura dos melanomas é alta, podendo chegar a mais de 90%.
Medidas de Prevenção
O principal fator de risco para o desenvolvimento da doença é a radiação ultravioleta (UV), em razão da exposição sem proteção a essa faixa do espectro luminoso.
Os indivíduos mais suscetíveis aos efeitos nocivos da radiação UV são as de cabelos, olhos e pele claros, uma vez que possuem menos melanina – que é um pigmento responsável por dar cor à pele e pelos, bem como conferir proteção contra os raios ultravioleta – e por essa razão queimam-se com facilidade e têm menor fator de proteção natural às radiações ultravioletas.
Eles têm de duas a três vezes mais risco de desenvolver câncer de pele.
A idade também é um fator de risco, em razão do efeito cumulativo da exposição ao sol no decorrer do tempo. A maioria dos carcinomas espinocelulares surge em pessoas com mais de 40 anos.
Em termos gerais, a prevenção é simples e consiste de alguns cuidados:
-
Faça um autoexame de pele regularmente e observe se há alguma mancha, lesão, ferida, sinal ou pinta nova ou que apresente alguma modificação;
-
Evitar a exposição prolongada e excessiva diretamente à luz solar, especialmente entre às 10 h e 16 h, período em que há maior intensidade de raios UVA e UVB;
-
Use filtro solar com proteção adequada ao seu tipo de pele, de preferência com fatores de proteção solar (FPS) 30 ou superior. O seu uso não deve ser restrito a dias ensolarados. Em dias nublados também há radiação UV, mesmo que em menor incidência;
-
Use chapéu e roupas para se proteger. Tecidos de cores escuras também protegem mais do que as cores claras, lembrando que apenas cobrir o corpo com roupas não bloqueia toda a radiação ultravioleta. Se a luz passa através de um tecido, a radiação UV também passará;
-
Óculos de sol com lentes que filtram os raios UV são importantes para proteção dos olhos e das pálpebras;
-
Evite as queimaduras de sol, principalmente durante a infância e a adolescência, fase em que as pessoas costumam expor-se mais ao sol;
-
Não realizar bronzeamento artificial, o qual tem sido associado a um risco aumentado de melanoma, especialmente se iniciado antes dos 30 anos de idade. Isso se deve ao fato que emitem raios ultravioleta;
Procure um médico dermatologista com regularidade, se você tem pele muito clara, que fica vermelha facilmente quando exposta ao sol, e/ou histórico de câncer de pele na família.
Marcas, manchas, pintas e outras alterações na pele, também são alertas de que alguma coisa não vai bem e requer uma avaliação de um médico especialista.
Em função da pandemia provocada pelo Coronavírus, o Dia Nacional de Prevenção ao Câncer da Pele durante o mês de dezembro, organizado pela SBD e que reúne milhares de médicos dermatologistas e voluntários para realização de consultas gratuitas em centenas de postos de atendimento do país, será feita exclusivamente em formato digital, não havendo atendimento presencial.