A COVID-19 e os profissionais de saúde - homenagem e respeito!
O Brasil atingiu uma marca da qual não há motivos para se orgulhar. Em 22 de Maio de 2020, já tínhamos mais de 100 médicos que atuavam no tratamento de pacientes da Covid-19, que vieram a óbito por terem contraído a doença.
O número, ao mesmo tempo que revela o quão grave é o problema, esconde outros fatos. O médico é a faceta mais aparente de um sistema de saúde que deles depende, mas que também é composto de enfermeiros, profissionais de limpeza, de alimentação, administrativos e tantos outros que fazem o sistema de saúde público e privado, funcionarem.
Mesmo aqueles que não fizeram o juramento de Hipócrates, de preservar a vida e em nome dela fazer de tudo ao seu alcance, ali estão no mesmo ambiente, cada qual cumprindo um papel fundamental para que cada membro da sociedade tenha resguardados direitos mínimos e fundamentais de acesso a saúde.
Eles compõem um dos mais essenciais serviços e que sem opção de parar, de se distanciarem e de se proteger, ali estão expostos a cada segundo no desempenho de suas funções.
Há quem diga que todo cidadão, que profissionalmente integra um serviço dito essencial, está igualmente exposto ao coronavírus.
Mas contrariamente ao não menos útil caixa de supermercado ou entregador de comida por aplicativo, a cada “cliente” atendido no hospital, na unidade básica de saúde, no pronto-socorro, uma ameça à sua saúde acontece, mesmo diante dos mais extremos cuidados profiláticos.
O ambiente hospitalar submete à exposição, por todo o tempo em que ali estão e com a certeza de que em alguma porção de ar, objeto ou maçaneta de porta, cadeira ou cama, tem elevadas chances de ter um vírus que pode levar ao contágio.
E a doença já mostrou que não tem olhos para a classe social, a idade, o credo, ou qualquer outro aspecto que possa distinguir uns dos outros.
A cada dia que se dirigem aos seus trabalhos, os profissionais que atuam na área de saúde, têm a certeza que assim como na roleta russa, a bala está lá em alguma posição do tambor e que alguém em algum momento pode ser o próximo.
E se isso já não fosse o bastante, há ainda uma série de circunstâncias. Os que têm condições sócio econômicas, sofrem o isolamento forçado de filhos, pais, esposas e maridos que em condições normais, vivem sob o mesmo teto. E os que não têm, assim como a si próprios, também os expõem.
O stress e a pressão psicológica, bem como a exposição aos dramas diários que presenciam, são desumanos.
Os menos sensíveis e empáticos, hão de dizer que são “os ossos do ofício”. Mas na verdade, o que esses não se dão conta, é que poderia não ser assim. Os números e os riscos poderiam ser menores e a prática e a realidade de países que conduziram a questão como se preconiza, comprovam.
Assim, é justa uma homenagem a todos esses valorosos profissionais que são linha de frente no combate à pandemia e às muitas vítimas que ela tem feito, mas antes disso, é importante o respeito. Não apenas o respeito pelo que eles têm feito e os riscos aos quais se submetem dioturnamente, mas pelo que eles não precisariam passar, se cada um de nós fizermos o que está ao nosso alcance fazer.
Cada vez que um de nós é cético quanto à gravidade da situação, cada vez que um de nós faz algo que não precisaria, como a ida ao shopping center, que não precisaria estar aberto ou até mesmo a ida necessária ao supermercado, mas negligente quanto aos cuidados, estamos desrespeitando esses profissionais e aumentando as chances de expô-los se passarmos a integrar as estatísticas de doentes.
A cada novo infectado, é mais uma chance. É mais uma bala no tambor.
Além de médicos, enfermeiros, cozinheiros, auxiliares ou encarregados de limpeza, são irmãos, filhos, pais, amigos, vizinhos. Amam e são amados. São parte da vida de muita gente e por isso vão deixar saudades! Vão fazer falta!
Em alguns casos, ousa-se até dizer que pudessem ainda estar aqui, se alguém tivesse sido mais cuidadoso!
É disso que estamos falando. Proteger-se, é respeitar o próximo. É não ser mais um disseminador da doença.
Toda homenagem é justa e todo reconhecimento é devido, aos que aqui não mais estão, bem como os que estão, mas colocam sob ameaça sua própria vida e muitas vezes de sua família, em prol de gente que eles nem mesmo conhecem.
As flores, os aplausos, o sorriso e até mesmo o abraço e o aperto de mão sinceros e quando forem possíveis, são merecidos. Muito mais até. Depende do que você é capaz e do quanto é agradecido e consegue reconhecer o que eles têm feito pelas nossas vidas, ao custo muitas vezes de suas próprias!
Mas mais justo, é fazê-los saber que se você pode, em respeito às suas vidas, fez valer o #fiqueemcasa!