Velocidade de Internet: Entenda como funciona e os melhores sites para testar
Já não é de hoje que se questiona conectividade com a Internet, a qual é fundamental para boa parte do que fazemos tanto na vida privada, como na profissional. A questão é a velocidade das conexões que temos disponíveis.
Boa velocidade – ou excelente, de preferência – de acesso e que desde a expansão comercial da Web, costumou-se chamar de banda larga, é requisito básico para aproveitar tudo o que a rede mundial de computadores oferece.
Mas você sabe explicar o que é banda larga? Sabe dizer se o seu provedor de acesso à Internet lhe entrega o que você contratou? Como testar a velocidade da sua Internet? Como interpretar os resultados dos muitos testes disponíveis? Quais os melhores e mais confiáveis?
É para responder a estas e outras perguntas importantes, que vamos conversar um pouco sobre a questão.
O que é Banda Larga?
Quando da popularização do termo no Brasil, banda larga eram definidas como sendo as conexões de velocidades de 128 Kbps (kilobits por segundo) ou superiores, sendo assim chamadas, porque a largura de banda permitia trafegar um bom volume de dados para a época.
Largura de banda por sua vez, é a medida que determina o volume de dados em kilobits – ou seus múltiplos, como megabits ou gigabits – que são trafegados entre dois pontos da rede ao longo de um segundo.
Em muitos países há regulamentações bastante claras que determinam em termos técnicos os valores para as conexões de acesso à Internet que podem ser classificadas como banda larga.
Lamentavelmente no Brasil, a Anatel – órgão responsável por regulamentar a questão – não tem uma norma clara que delimite nesses mesmos termos, o que é banda larga.
É preciso dizer que há sim parâmetros ou indicadores que servem para medir a qualidade do serviço de banda larga, mas não os valores que determinam o que é considerada banda larga.
Genericamente e por exclusão, os conteúdos a respeito classificam essa classe de conexão, como sendo todas as formas de acesso que não sejam por meio de acesso discado, que na época em que foi criado, consistia do tipo de acesso predominante e cuja velocidade era de até 56 Kbps, ou seja, em um segundo era possível se fazer o download de até 56 kilobits de dados.
O primeiro serviço brasileiro na época a comercializar acesso por banda larga, prometia entregar uma velocidade de 128 Kbps. Mas estamos falando do longínquo ano de 1999!
É impensável que mais de duas décadas depois, use-se isso como parâmetro.
Não havendo informações claras e expressas em termos de regulamentação ou norma, também não é exato assumir que banda larga é a velocidade que permite navegação com certa rapidez e estabilidade de conectividade, uma vez que há subjetividade nesses aspectos, pois o quão rápida é uma conexão, é algo que pode variar de uma pessoa para outra e do uso que se faz do serviço.
Se considerarmos que uma conexão 3G, tecnicamente corresponde a velocidade de 1Mbps (um megabit por segundo) para download e cerca de 10% disso para upload, ela seria enquadrável em banda larga. No entanto, quem tentou assistir um vídeo no YouTube ou mesmo acessar determinados sites por esse tipo de conexão, sabe o exercício de paciência que representa.
É surpreendente, é lamentável, mas é a realidade!
Resumindo, a depender do tipo de conteúdo, essa velocidade será insuficiente para uma navegação fluente, sem interrupções e com uma boa experiência no consumo do conteúdo e dos recursos presentes no site acessado ou no app utilizado.
Parâmetros de medição da velocidade de conexão
Os testes de velocidade de conexão com a Internet mais populares no Brasil, usam diferentes parâmetros para determinar o quão boa – ou ruim – é sua conexão no momento da medição.
Embora quando se pense em velocidade, a maioria imagine apenas um valor, tal qual a velocidade do seu automóvel, há outros números e medidas que devem ser considerados para definir se o serviço é capaz de entregar bom desempenho nas muitas situações de acesso.
1. Velocidade de download
É natural que o primeiro desses parâmetros a serem observados, seja aquele que a maioria se preocupa e que inclusive é o mais usado como indicador na comercialização de planos de Internet quando se fala em velocidade.
A velocidade de download refere-se ao quão rápido os diferentes arquivos são baixados na navegação web pelas páginas dos sites, ao assistir um vídeo ou ouvir uma música em streaming, ou acessar um documento na nuvem.
Tenha em mente que os valores sempre são apresentados na unidade megabit por segundo (Mbps) e aqui vale destacar que muita gente pode confundir com megabyte, o que é um erro importante.
Embora o tamanho de tudo seja dado em bytes e seus múltiplos, ou seja, kilobytes (KB), megabytes (MB), gigabytes (GB) ou terabytes (TB), a velocidade usa bits, lembrando que um byte equivale a 8 bits. Portanto, 800 Mbps correspondem a 100 MBps.
2. Velocidade de upload
Esse é outro valor muito importante, mas muitas vezes negligenciado ou deixado em segundo plano.
Fazemos upload, ou enviamos a partir do nosso dispositivo, dados e arquivos também, seja quando enviamos algo para um serviço de armazenamento em nuvem, seja ao enviar um e-mail com ou sem anexo, seja ainda um site inteiro para um servidor web, usando para isso o FTP.
Mas mesmo quando parece que não, fazemos upload ao acessarmos um site, enviando requisições para o servidor web, que nos responde com os conteúdos das páginas, ou no preenchimento de um formulário, por meio do HTTPS.
Apesar de já haver muitos serviços em que as velocidades de download e upload serem as mesmas (simétricos), ainda há alguns importantes e populares, nos quais a velocidade de upload não só é menor (assimétricos), como é significativamente inferior. E é por isso que muitos propositalmente não fazem a distinção entre ambas, o que no mínimo é falta de transparência com o consumidor.
3. PING
O Ping é um indicador de latência bidirecional, o que significa dizer que ele mede o tempo para que um pacote de dados percorra o caminho até um determinado endereço IP.
Consiste de um comando ou um utilitário presente na maioria dos sistemas operacionais e que por meio de um protocolo de Internet (ICMP), envia pacotes normalmente de 32 bytes e aguarda uma resposta do endereço IP de destino.
O tempo entre o envio e o recebimento da resposta, é medido em milissegundos (ms) e quanto maior o valor, maior a latência, o que é especialmente ruim em aplicações em tempo real, como jogos online ou aplicações VOIP, como é o caso do VoLTE, por exemplo.
4. Jitter
O jitter é um dos parâmetros que não é informado em muitas ferramentas de medição de velocidade, mas é tão importante quanto o Ping, isso porque ele mede a eventual variação no Ping.
Quando você executa um comando Ping padrão no Windows, por exemplo, são feitos 4 envios de pacotes e informados os tempos das 4 respectivas respostas. Suponhamos que dois tenham levado 30 ms e dois 31 ms. São tempos considerados normais, mesmo que ligeiramente diferentes.
No entanto, se as diferenças ocorrerem em todos os quatro envios e forem percentualmente bem diferentes, na prática significa uma oscilação ou não estabilidade e que pode impactar negativamente em demora ou inconstância na aplicação web.
5. Perda
O parâmetro perda relaciona-se com a perda de pacotes de dados durante o tráfego.
Dependendo do protocolo de Internet, a perda de pacotes é algo aceitável e pode ocorrer sem grande prejuízo ao usuário, como em streaming de vídeo, em que é usado prioritariamente o UDP, privilegiando a velocidade em detrimento da integridade da informação, pois um ou outro pacote que eventualmente se perca, não interfere na transmissão de maneira sensível.
Todavia, quando a perda ultrapassa determinados patamares e nos casos de alguns protocolos, significa congestionamento na rede e pode afetar determinadas aplicações.
Geralmente a partir de 3% de perda, os efeitos começam a ser notados e há degradação no funcionamento e no desempenho.
6. IPv4 vs IPv6
No Brasil a grande maioria dos usuários ainda acessa a Internet por meio de um endereço IP de versão 4 (IPv4), o que devido ao esgotamento de endereços disponíveis, faz com que os provedores usem recursos (ex: CGNAT) para contornar o problema de escassez, mas que se traduz em pior desempenho.
Quando disponível, o IPv6 é uma alternativa para esse e outros problemas.
Algumas das ferramentas de medição, são capazes de medir as velocidades e os parâmetros em ambas as versões.
Tipos de acessos à Internet mais comuns no Brasil
No Brasil, existem diferentes tipos de tecnologias adotadas pelos diferentes provedores de acesso. Geralmente alguns tipos são mais comuns em algumas regiões e outros, em outras e variam em função da distância dos grandes centros urbanos ou cidades, da disponibilidade de infraestrutura e até mesmo da densidade demográfica.
As operadoras de telefonia, privilegiam as maiores regiões metropolitanas e as regiões com maior densidade demográfica, tendo em vista o custo de implantação da infraestrutura necessária e a demanda nessas áreas.
Acesso via cabo
Semelhante ao conceito do cabo das operadoras de televisão e que normalmente usava parte da infraestrutura existente para o serviço de televisão, para fornecimento de acesso.
No início da adoção das primeiras operadoras de acesso, conseguiam oferecer velocidades bastante boas, no entanto, esse tipo apresentou uma queda vertiginosa em termos de oferta, tanto em função do próprio serviço de cabo ter apresentado declínio por conta de alternativas, como também pelo crescimento e acesso de outros tipos de conexão.
ADSL via cabo
Semelhante ao tipo acima, porém com algumas variações em termos de conceitos técnicos e usando a infraestrutura de cabos da rede de telefonia fixa, em vez do cabo para TV por assinatura.
Ainda é um dos modelos predominantes no país, mas mais por conta da base instalada em usuários mais antigos.
Outros tipos têm taxas de crescimento bastante superiores para novos assinantes.
Fibra ótica
No país tem similaridades com a Internet via cabo, pelo tipo de instalação e funcionamento e não faz tipicamente o uso pleno de fibras óticas, pois não é raro que a parte da instalação interna ao imóvel não seja por fibra, mas por cabo, o que acaba sendo um gargalo e produzindo perdas.
Mesmo assim, consegue velocidades superiores aos dois tipos anteriores, baixa perda de velocidade em casos de longas distâncias e pouca influência de ruídos e barreiras físicas.
Rádio
O acesso à Internet por rádio frequência, é mais comum em cidades pequenas e áreas rurais ou ainda com baixa densidade demográfica, onde o investimento em infraestrutura encareceria os três modelos acima.
Este tipo também é mais suscetível a interferências até mesmo de ordem meteorológica e assim, uma chuva forte pode degradar o desempenho, produzir oscilações ou até mesmo provocar a indisponibilidade do acesso.
Via satélite
Esse tipo de conectividade, faz uso de um conjunto de tecnologias que resulta em um dos serviços mais caros entre todos, mas que permite sua disponibilidade em praticamente qualquer lugar, sendo a até recentemente a única opção em regiões muito remotas ou e na maioria das áreas rurais.
Também pode ser afetadas por condições climáticas extremas, em que se perde o que se chama “visada para o satélite”, pois a antena que capta o sinal, tem que “enxergar” o satélite e assim, até mesmo nuvens muito densas podem interromper ou provocar degradação do sinal.
Starlink
Lançado em diversos países, incluindo o Brasil, o Starlink é o serviço da empresa SpaceX, que pretende fornecer acesso com elevada velocidade e baixa latência, a qualquer localidade do planeta, por mais afastada que seja dos centros urbanos, por meio de uma grande e sofisticada rede de satélites em órbitas baixas.
Há vários aspectos de infraestrutura e outras tecnologias associadas, que permitem que o Starlink seja classificado como um serviço diferente dos tipos via satélite até então conhecidos.
Mesmo ainda sem estar com toda a infraestrutura planejada lançada e em funcionamento, os poucos usuários que já usaram o serviço, têm observado vantagens em relação aos outros serviços via satélite e em algumas circunstâncias, até a outros tipos mais comuns.
4G
O 4G está associado à rede de telefonia móvel e por ser uma das maiores infraestruturas disponíveis, é oferecida por muitos provedores, principalmente em cidades mais afastadas, onde as opções a cabo não estão disponíveis ou são mais caras.
Em função disso, a sua principal vantagem em relação às demais alternativas, é a disponibilidade em praticamente qualquer região, mas geralmente o volume de dados que se pode transferir, é baixo comparado aos outros tipos.
Em condições ideais, nas regiões com um bom número de antenas e sem congestionamento, é possível atingir velocidades de até 10 Mbps, apesar do padrão prever até 150 Mbps, o que é razoável.
Porém a latência é elevada, o que causa uma experiência ruim para alguns tipos de acessos.
5G
Oficialmente lançado no Brasil em julho de 2022, o 5G “puro” ou StandAlone, nada mais é do que o fornecimento do sinal do 5G segundo os moldes determinados no leilão das frequências da quinta geração por parte da Anatel.
Ainda é cedo para constatarmos como será na prática, mas em termos teóricos e estando de acordo com o que a tecnologia associada estipula, deve ser o tipo de conexão com maior velocidade e menor latência entre todos os disponíveis até então disponíveis.
Quando houver disponibilidade de infraestrutura nas áreas de 5G, além de um desempenho comparativamente melhor, novos tipos de aplicações e serviços que são altamente dependentes de desempenho em tempo real, como os carros autônomos, serão viabilizados.
Regulamentação da Banda Larga e direitos do consumidor
O serviço de banda larga é parte integrante dos serviços de telecomunicações e como tal, é regulado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), que por sua vez é subordinada ao Governo Federal.
Seu papel é além de regular, também fiscalizar o setor de telefonia fixa e móvel, determinando as obrigações de quem presta o serviço, e os direitos de quem os consome.
Sendo assim, você tem informações amplas sobre a banda larga, bem como outros serviços relacionados a telecomunicações, disponíveis no site da Anatel. Se necessitar reclamar, saiba como fazê-lo, por esta cartilha da própria agência.
Como medir a velocidade da sua Internet?
O mais importante para que você saiba se o serviço que contratou está de acordo, é você poder medir a velocidade do acesso que lhe é disponibilizado pelo seu provedor e para tanto, alguns pontos devem ser observados quando for efetuar os testes de velocidade:
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Quando for efetuar o teste de velocidade, primeiro certifique-se que há conectividade, ou seja, todos os equipamentos necessários (modem, roteador, dispositivo de acesso, etc) estão funcionando corretamente;
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É altamente recomendável que não tenha programas abertos no seu dispositivo, a não ser o navegador web que fará o acesso ao site de medição;
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Não tenha abertos mais de um navegador e o que escolher para efetuar o acesso, tenha aberta apenas a guia ou aba que usará no acesso à ferramenta. Não é decisivo para os valores obtidos, porém em dispositivos que estejam fazendo uso intenso de CPU e memória, ou até mesmo fazendo download de algum conteúdo, pode afetar o resultado;
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Certifique-se de que não estão ocorrendo downloads de nenhum tipo de conteúdo por parte do sistema operacional, como por exemplo, atualizações ou e-mails;
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Em uma rede Wi-Fi local, dependendo da distância do modem ou do roteador, a velocidade será afetada. Além da proximidade, é altamente recomendável que esteja no mesmo ambiente e sem obstáculos físicos, pois estes também afetam o sinal e por consequência, o desempenho. O mais indicado é uma conexão física, ou seja, por cabo;
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Outros usuários não devem estar conectados e usando a rede.
O teste propriamente dito, é feito acessando-se alguns sites que fornecem ferramentas de medição.
A maioria só informa os parâmetros de download, upload e ping.
Alguns fazem parte de serviços de empresas de telefonia ou provedores de acesso e têm por objetivo comparar a sua conexão com aquela comercializada por eles e por isso, colocamos em primeiro lugar na lista, o site do medidor fornecido pelo nic.br, que é o órgão regulador da Internet no Brasil e que oferece um dos testes mais completos e confiáveis:
É sempre conveniente realizar pelo menos 2 testes.
Se houver uma diferença significativa – igual ou superior a 10% - repita os testes e até mesmo opte por realizar o teste em uma terceira ferramenta, lembrando que embora geralmente os testes tenham uma margem apropriada de confiabilidade, podem apresentar variações relativas ao ambiente em que estão hospedadas as ferramentas.
Conclusão
A velocidade da sua conexão com a Internet, é um aspecto fundamental para que se possa dispor de tudo o que a Internet provê atualmente. Conhecer características do serviço que você tem contratado, bem como os tipos disponíveis, ajuda a você garantir que está recebendo de acordo com seus direitos e com a regulamentação vigente e, portanto, pode usufruir com qualidade do conteúdo disponível.