Domínio “fora do ar” – Quando o problema não é na hospedagem!
Na tarde de 03/08/2020, muitos donos de sites nacionais, particularmente os que utilizam domínios .br, ficaram com seus domínios fora do ar, como se costuma dizer quando um domínio ou um site, não pode ser acessado.
Quando algo assim acontece, é natural imaginar que o problema tem origem na empresa que hospeda o site.
Neste caso em particular, foi fácil perceber que o problema parecia muito maior e não apenas restrito ao próprio site, já que boa parte de todos os domínios nacionais (.br), incluindo os mais populares e de grandes empresas, estavam inacessíveis.
Mas por que isso aconteceu? Quando a inacessibilidade não é um problema na hospedagem? Entender como tudo isso funciona, ajuda a compreender o que está ao seu alcance ou não resolver.
Entendendo o problema dos domínios .br fora do ar
Na primeira segunda-feira de Agosto, de 2020, acessar um site, enviar ou receber um e-mail, ou qualquer coisa relacionada com domínios .br – e não apenas os .com.br – foi impossível para a maioria dos internautas.
Após o pânico inicial em donos de diversos sites e nos usuários que precisam acessar os sites indisponíveis, identificou-se que a causa estava associada aos DNSs públicos do Google. Bastava usar um outro serviço e o acesso era conseguido.
Mas um erro nos servidores de DNS do registro.br – órgão nacional responsável pelos domínios .br – já havia ocorrido em 2011, devido a um “problema operacional durante uma atualização parcial de seus clusters (espécie de sistemas em que máquinas trabalham de forma conjunta) que derrubou três servidores DNS”, segundo comunicado de Frederico Neves, diretor de Serviços e Tecnologia do Registro.br.
Do total de 6 (seis) servidores encarregados de resolver os domínios para os respectivos endereços IP dos servidores que cada domínio tem seu site, seu serviço de e-mail, FTP ou qualquer outro serviço associado ao domínio, apenas 3 puderam ser mantidos operando.
Com apenas metade da infraestrutura do cluster funcionando, os erros começaram a ocorrer, por não ser suficiente para a demanda, que aliás cresceu diante das inúmeras tentativas de acesso.
Muitos sites simplesmente ficaram inacessíveis e os poucos que puderam ser acessados, levavam muito mais tempo que o normal, sugerindo lentidão na hospedagem.
Como foi um problema de grande impacto, rapidamente o assunto se tornou um dos mais comentados, chegando até mesmo a ser listado nos trending topics do Twitter.
Em função disso, tão logo o registro.br corrigiu o problema, os provedores de acesso limparam os seus caches e forçaram uma atualização em seus servidores recursivos de forma que no início da noite do mesmo dia, aos poucos a acessibilidade aos domínios .br foi sendo restituída.
O que aprender com esse problema?
A primeira lição que se tira desse episódio, é o quão complexa é a estrutura que permite o aparente simples acesso a um site ou o envio de uma mensagem de e-mail.
A segunda, é que essa estrutura é composta de vários fatores – ou mais precisamente participantes – e que se um deles falha, afeta todo o restante.
Entender como tudo funciona na Internet, em parte significa compreender o que é DNS, servidores recursivos, autoritativos e reversos, domínio e hospedagem, endereço IP, ISP (Internet Service Provider) e mais uma série de conceitos e como todos eles se relacionam, não é simples!
A parte mais aparente e que para boa parte daqueles que têm um site na Internet, é o hosting ou empresa de hospedagem e por essa razão, imagina-se que todo o “poder” de fazer algo, está concentrado em suas mãos.
Mas por esse episódio, já se percebe que não é bem assim.
Quando se digita uma URL no7 seu navegador ou clica em um dos resultados exibidos em uma SERP do Google, pouquíssimos têm conhecimento de tudo o que acontece para que um conteúdo de site seja visualizado.
E mesmo para quem tem um razoável conhecimento sobre o assunto, identificar o problema e a solução, não é tão fácil como pode-se imaginar.
O que fazer?
Na verdade não há uma resposta e o mais correto a dizer, é: depende!
Nesse caso em particular, tudo o que havia a fazer, era esperar ou trocar de DNS público, embora isso não resolvia o problema para quem não o fizesse e que poderia incluir visitantes, por exemplo.
A solução dependia em um primeiro momento, do Google e acelerar a normalização, cabia aos provedores de acesso à Internet (ISPs), por meio da atualização dos seus servidores recursivos, limpando seus caches.
Muitos usam ferramentas como “Down for everyone or just me?”, que verifica se a inacessibilidade a um site ocorre apenas a partir do seu dispositivo ou é generalizada. Aqui, o máximo que se saberia, é que não é foi um problema isolado que afetou apenas o dono do site. Mas ainda não se saberia a causa da indisponibilidade.
Se por exemplo, alguém com mais conhecimentos suspeitasse de um problema de DNSs e usasse uma ferramenta como DNSChecker ou MXToolBox, confirmaria a origem, mas ainda não a responsabilidade.
Resumindo, nem sempre é possível identificar o que fez com que um site ficasse fora do ar e por consequência, a quem cabe resolver.
Há sim um conjunto de verificações que permite eliminar ou confirmar possibilidades ao seu alcance de resolver quando seu site fica fora do ar e outros que evitam que ele fique fora, mas nem tudo está sob seu controle ou da sua empresa de hospedagem, nem é tão simples descobrir.
Uma vez que você tenha se cercado de medidas que é capaz de adotar e nada resolveu, o passo seguinte é contatar o suporte técnico da sua empresa de hospedagem.
Se você escolheu o melhor provedor, é importante confiar e seguir as informações e orientações fornecidas.
Normalmente problemas da amplitude desse último, mobilizam ações corretivas emergenciais, mas que as vezes demandam tempo. Nesses casos, não há muito o que fazer, senão esperar.
Conclusão
O aparentemente simples acesso a um site, depende de uma ampla e complexa infraestrutura da qual a empresa de hospedagem faz parte, mas que depende do adequado funcionamento de vários outros participantes.